12 janeiro 2011

Viver o amor

Contado por Nana Maia às 09:38
          O dia está lindo, a praça está cheia, o gramado verde e o céu azul. Crianças riem e correm, pais gritam para que não se afastem demais. Tudo como o de costume. Mas o que realmente se difere entre tudo aquilo e que com certeza os olhos alienados pela rotina não veem é um casal. Não um casal qualquer. 
Sentam-se no banco de ferro ornamentado, jogam pipocas aos pombos e conversam alegremente. Mas ainda não é só isso. Eles se amam. Se amam de uma forma que a muito não via. São olhos brilhantes, mãos entrelaçadas, a felicidade sincera estampada no rosto, a simples satisfação da companhia. Se olham como muitos jovens casais não se olham mais, tão acostumados estão com seus meses de casados, talvez anos, mas sem o encanto.
Paixão existe em grande abundância. Tudo se resolve na cama, todos os conflitos diminuídos diante do desejo. Então o ato acaba, se viram cada um para seu lado da cama e amanhã é um novo dia.
            Onde está o amor? Aquele que aparentemente uniu o casal em matrimônio. Foi desgastado apenas pelo stress das dívidas, pelas inevitáveis discussões, pela falta de tempo? E os bons momentos? Não são intensos o bastante para encobrir o desgaste, cobrir as fissuras, fazer aparecer um sorriso, fazer com que se beijem?
            Aquele casal é de uma época em que o amor era como nos livros. Quando a paixão vinha depois do amor. Quando não se fazia amor, mas sentia-o. Com exceções, pois hoje em dia, algumas poucas vezes o sexo pode ser um ato de amor.
Pode ser que hoje em dia, aquele casal já não faça amor, pode ser que o desejo carnal tenha tomado uma importância inferior. Hoje podem sentir prazer na convivência, podem ter tido filhos, casado a todos e tenham netos que lotem a casa aos domingos. Concluíram o ciclo e hoje desejam apenas viver.

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